Agosto Lilás: É preciso combater a Violência contra a Mulher

Postado por Sescon ES em 25/08/2022 | Categoria: Sem categoria -

Em fevereiro de 2020, a empresária contábil Ingra Ohana de Vargas sofreu uma tentativa de feminicídio executada pelo ex-marido, com quem foi casada por dez anos e já estava separada havia um. O crime aconteceu no centro da cidade de Concórdia, quando Ingra saia de um restaurante com a filha, que na época tinha apenas seis anos.

Foram no total 23 golpes de faca, mas que para Ingra, na verdade foram 23 oportunidades de estar viva e dar voz ao silencio de muitas mulheres.

“São mulheres que não estão aqui para falar, que se calam por temor, que perderam o desejo pela vida, que se escondem em quartos escuros ligadas aos seus traumas. Estou viva por filhos que estão sem suas mães, por crianças que presenciaram cenas sem poder de escolha e por todas aquelas que ainda sofrem qualquer tipo de violência”, destaca.

A redação do Portal Contábil SC procurou Ingra em virtude do “Agosto Lilás”, uma campanha de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. Essa campanha faz referência ao aniversário da Lei Maria da Penha, instituída pela Lei nº 11.340 (de 07 de agosto de 2006), que em 2022 completou 16 anos.

Confira algumas das respostas da empresária contábil sobre o tema.

Portal – Hoje, após o ocorrido, você consegue perceber quando apareceram os primeiros sinais de que você poderia sofrer uma violência?

Ingra – É tão engraçado, mas quando nos notamos fora do contexto, é como se viesse luz aonde tudo estava escuro.

Sim, com certeza houve vários gatilhos que foram tolerados por achar que que era “normal”. “Foi só hoje”! Ele estava nervoso e vamos colocando panos frios (para não dizer desculpas) naquilo que precisa ser resolvido.

Ou seja, se te seguiu em algum momento ligue o alerta. Quebrou algo seu ou de casa, palavras ofensivas, relações sexuais contra a vontade, ligações incessantes até você atender, rastreamento, proibição de amigos e familiares, não deixe chegar no último estágio geralmente que é a violência física ou algo mais grave.

Portal – Você acredita que a ascensão profissional e a independência são fatores que provocam esse tipo de violência contra a mulher?

Ingra – Não, longe disso. Infelizmente não existe tipo, situação, ou abrangência geográfica, pelo contrário. Inclusive muitos acham que só acontece com mulheres dependentes financeiramente do cônjuge, ou com pouco conhecimento.

Eu sempre tive contato com leis, sou formada e nunca dependi financeiramente, mesmo assim vivenciei na pele e com aquela falsa expectativa de ser somente uma fase ruim.

Eu diria inclusive que a ascensão profissional e independência é o que mais teme e assusta, mas não o que nos faz ser violentadas ou poupadas. Justamente pelo fato de que, obviamente, se facilita um caminho, que pode ser bem mais difícil para aquelas que não pertencem a esse grupo.

Aliás muitas ficam reféns pelo simples fato de acreditarem fielmente que dependem e as que não dependem temem justamente a dependência contrária.

Portal – Em briga de homem e mulher ninguém mete a colher?

Ingra – Muitas pessoas tem aquele pensamento de “não adianta se meter”, depois eles se acertam e nós passamos por ruim. Agora, só quem já passou sabe de fato da necessidade inconsciente que temos de uma interferência. Por isso que oriento sim, a quem souber ou presenciar violência, seja ela qual for (não somente a mulher), façam alguma coisa, comuniquem a família, se você é a família peça ajuda, acolha, busque meios, denunciem, pelo menos tentem.

Vale a pena, vale uma vida, a sua ou a de quem você estiver ajudando. Essa pandemia oculta tem tomado proporções ainda maiores, justamente pelo fato de que se normalizam atos e situações, finge-se não ver aquilo que está diante dos nossos olhos.

Eu quase morri e depois que você quase morre, que chegou no ápice de todos os riscos, se observa que assumir ser vulnerável, estar em uma situação delicada, não é fraqueza e sim um grito de socorro literalmente.

Portal – Longe de colocar culpa nas vítimas, mas você acredita que as mulheres que sofrem violência deixam de tomar algum cuidado e deixam de realizar alguma ação necessária para evitar que alguns casos aconteçam?

Ingra – Não, até porque impossível viver em constante estado de alerta o tempo todo. O que acho sim é que existe medo. Porque no Brasil, infelizmente, este tipo de crime ainda tem uma colher de chá, chamada medida protetiva, que outros crimes não tem. Logo muitas temem a pós denúncia, não seguem em frente, não fazem aquilo que precisa ser feito. Se inibem, em muitos casos.

No meu caso, eu fiz tudo que a lei mandava. Exatamente o roteiro que tinha que ser feito. E mesmo assim não fui poupada. Mas ainda assim, defendo fazer o que precisa ser feito. Pelo único motivo de que isso diz mais sobre nós do que sobre o outro, além de ser nosso histórico, nossa razão, nossa defesa.

Eu poderia ter partido, mas jamais temi fazer o certo. Sem contar ainda no medo do julgamento, do que vão falar, muitas seguem escondidas e acabam mortas em um corpo vivo.

Portal – Você acredita que existem campanhas suficientes para que possamos diminuir cada vez mais os casos de violência contra a mulher em nosso país?

Ingra – Não, longe disso. Existem campanhas, propagandas, materiais, mas longe de alcançar um nível capaz de diminuir. O que se nota, inclusive, é o aumento dos casos de violência contra a mulher em nosso país. Falar é fácil, fazer acontecer é outra coisa.

Portal – Qual a sua mensagem final.

Ingra – A mensagem que deixo para finalizar é: denunciem, criem coragem, se olhem no espelho e observem tudo aquilo que vocês merecem e o que aceitam. Saibam que vocês não estão sozinhas. A dor que você vive hoje tem sim solução. E que somos capazes de muito mais do que podemos imaginar.

Despertem a gigante dentro de vocês e protagonizem uma nova vida.

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